Hoje, 21 de setembro se comemora o
DIA NACIONAL DE LUTA DAS PESSOAS DEFICIENTES
e nós aqui do Terra temos um exemplo maravilhoso de uma pessoa que
se superou em todos os sentidos.
Leia o seu depoimento:
"Escrever não é tão difícil quanto parece, mas também não pode ser considerada uma tarefa fácil. Talvez seja necessária uma boa dose de inspiração. Talvez momentos de criatividade e imaginação, vontade e recordações. Ah, essas sim são cruciais para escrever, para escrever sobre si próprio.
Quem sabe a vida não tenha me proporcionado uma quantidade imensa de experiências, mas a qualidade das que tive foi intensa...
Por consequências do destino (Será mesmo o destino? Vontade de Deus? Acaso? Escolha? Irresponsabilidade? Castigo?...?) tive todos meus planos interrompidos num domingo de muito frio, dia 28 de maio de 2000, aos 19 anos.
Voltava de um show de pagode na cidade de Capivari, e como estava cansada, já que havia saído no dia anterior, pedi a 'um amigo' que guiasse o carro para mim. Não conhecíamos a estrada e num ato de imprudência, ao correr numa estrada muito perigosa, ele perdeu o controle do carro ao tentar contornar uma curva. Foi aí que fui jogada para fora do carro antes mesmo dele capotar.
Fiquei 15 dias internada e minha mãe ficou o tempo todo ao meu lado. Recebi dezenas de visitas.
Não me lembro até hoje do dia em que fui avisada do meu caso, da tal paraplegia. Minha mãe conta que foi ela quem falou tudo e que eu reagi surpreendentemente. Disse que ia lutar para voltar ao normal e voltei a dormir. Aliás, como me machuquei muito, tomava vários remédios e só dormia. Lembro das pessoas como flashes, de outras não consigo me recordar.
Hora de retornar para casa...
Era tudo uma loucura. Tinha fila para entrar no meu quarto, pessoas esperavam na sala a vez de entrar. Amigos, conhecidos, curiosos...Sempre recebi a todos com sorriso no rosto, era assim que eu estava. Rindo, dando gargalhadas, mesmo passando por tudo aquilo. Tinha um colar cervical atrapalhando minha fala, soros conectados às minhas veias, fraldas, cama hospitalar, cabelo praticamente raspado devido ao colar cervical e aos machucados no pescoço. Era uma situação triste de se ver. As pessoas chegavam assustadas, medrosas e saiam felizes e surpresas de me encontrarem daquele jeito.
Não era hipócrita e eu me sentia daquele jeito mesmo. Sabia que era só um susto, que um dia ou outro iria andar, era só dar tempo ao tempo. Tudo aconteceria de bom para mim, era só ter calma e correr atrás do prejuízo.
Pode parecer difícil de acreditar, mas algo inexplicável acontecia...Acho que eu sabia que seria muito mais feliz!!!!
O ano de 2000 foi só de recuperação, fisioterapia, dedicação total. Muito debilitada, não tinha condições de voltar a estudar. Porém, como sempre amei dar aulas, tinha alguns alunos particulares.
Em 2002 decidi voltar a estudar, já que abandonei o curso de Turismo em razão do acidente. Claro, fui fazer Pedagogia. Sempre gostei de crianças e pretendia conciliar os dois cursos. E fui atrás do que queria...
Chegou 2003, um ano maravilhoso para mim. Para começar, logo em Janeiro fui chamada novamente no Terra Mater!!! Não sabia onde guardar tanta felicidade. Apesar de sempre querer voltar àquela escola, onde lecionei por 1 ano até a data do acidente, nunca pensei que essa volta pudesse realmente acontecer, e de uma forma tão rápida assim! A “Tia Leda” e o “Tio Rubens” acreditaram em mim e deram-me mais uma oportunidade, esta que nunca esquecerei!! Foi, realmente, um grande passo para mais uma etapa de muita felicidade!
2004 trouxe uma outra grande conquista: uma nova carteira de habilitação! Nossa, como sonhei em dirigir novamente!! Ganhei um carro de meus pais e tenho a direção como um de meus grandes prazeres!
Em 2005 entrei na rede municipal de ensino, funcionária efetiva através de concurso público. Após a faculdade, emendei uma pós-graduação em Psicopedagogia. Nessa época, me afastei do Terra Mater novamente.
No final de 2005 conheci o amor da minha vida numa balada!
Sempre achei que fosse encontrar alguém legal, mas não tão como ele. Thiago, um homem lindo e que me aceitou como eu nunca esperei ser aceita.
Pouco fala da minha deficiência, sempre me tratou como alguém "normal". Depois de 6 meses de namoro compramos um terreno e começamos a construir. E, em julho de 2009, após muita luta, nos casamos!!! Foi um casamento maravilhoso, diferente como a noiva!
Detalhe do Bolo dos Noivos
Uma festa country, cheia de surpresas e inovações. Modéstia à parte, foi o casamento do ano!!!
Botas da Noiva Country
Vestir-me de noiva e entrar no salão acompanhada de meu pai e minha mãe foi uma sensação inexplicável e inesquecível. Eles empurraram a minha cadeira de rodas para o encontro com o homem que, a partir daquele dia, seria o meu braço direito, o meu homem. O homem que me quis e quer do jeito que eu sou. E, juntos, somos mais!
Tenho uma relação maravilhosa, regada à cumplicidade e colaboração, amor e respeito, tudo aquilo que sempre sonhei num relacionamento. Pretendo engravidar no final do ano e ter gêmeos, já que sou gêmea e sonho com dois pimpolhos lindos! Sei que isso é totalmente possível e que serei ainda mais feliz e realizada com a concretização deste sonho.
O trabalho tem me tomado muito tempo, aliás, todo o tempo. Leciono de manhã, novamente aqui no Colégio Terra Mater, à tarde na prefeitura (em ambas trabalho com crianças) e, à noite, leciono para jovens e adultos, também na rede municipal.
Não há como negar a influência e o papel de minha família no meu processo de recuperação, que desde o momento em que sofri o acidente está ao meu lado, apoiando-me em tudo. A base sólida que tenho devo à minha família, especialmente aos meus pais. Muitas pessoas não têm o apoio que eu tive e tenho.
Conviver com a deficiência é uma questão de escolha e desde o começo eu fiz a minha. A minha foi a de lutar, lutar não só para vencer, mas para viver. E essa escolha é mais difícil, dá mais trabalho.
Amo o que faço, faço o que amo. Tenho prazer em trabalhar, em estudar, em namorar, em viver. Sou amada pela minha família e a amo também. Será que isso tudo não basta para ser feliz??? Será que o fato de não andar anula tudo isso que foi dito?
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| Ana com Tia Ledinha e alunas na Festa Junina |
Acredito que a solução é não ficar comparando minhas duas vidas. Faço tudo o que faço com toda força e vigor, todo prazer e amor e valorizo muito tudo isso. Não penso se antes era melhor ou pior, o que interessa é agora. Não é porque estou na cadeira de rodas que não irei ter mais nenhum tipo de sofrimento nem angústia, que não passarei por mais nenhum desgosto ou decepção. Não estou imune a nada!
Também não é a cadeira de rodas a culpada pelos meus fracassos, desenganos e decepções. Sempre fui consciente disso, de que sou alguém, independente da cadeira de rodas, da deficiência. Minhas atitudes me levarão a lugares distintos, assim como antes e qualquer pessoa.
E essa é minha vida, vivo assim, sou assim. Sou eu, da melhor maneira possível..."
Ana Paula Vedovatto Bozolan
E A LUTA DE ANA NÃO PARA POR AI - VEJAM O QUE ENCONTRAMOS NO D.O. DE BOITUVA:
PORTARIA Nº 10.018/2009, DE 02 DE MARÇO DE 2009.
(Nomeia membros para o CMPPD - CONSELHO MUNICIPAL DA PESSOA PORTADORA DE DEFICIÊNCIA DE BOITUVA – biênio 2009/2011)
Assunta Maria Labronici Gomes, Prefeita do Município de Boituva, Estado de São Paulo, no uso de suas atribuições legais,
R E S O L V E :
Artigo 1º - Nos termos do Artigo 4º, da Lei Municipal nº 1.475/ 2002, de 10/12/2002, ficam nomeados e empossados a partir desta data, os seguintes Conselheiros e
Suplentes para comporem o CMPPD - CONSELHO MUNICIPAL DA PESSOA PORTADORA
DE DEFICIÊNCIA DE BOITUVA, para o biênio 2009/2011:
Presidente: Ana Paula Vedovatto Bozolan RG:29.067.556-X
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Prefeitura de Boituva, em 02 de março de 2009.
Assunta Maria Labronici Gomes
Prefeita Municipal
Publicada na Secretaria da Prefeitura na data supra.
Maria Lúcia Ramos
Secretária
Ana, essa é uma homenagem pequena perto do seu tamanho, do seu valor...
Você é o maior exemplo de
SUPERAÇÃO
que conheço!
Receba o nosso carinho e o nosso beijo
Equipe Terra Mater
Era uma vez... é hora de ouvir histórias...
ou na Quadra
ou na Quadra
encantam as crianças...
